Os estudos direcionados à realidade amazônica são maximizados com o Pacto Amazônico, considerando-se que os temas do Tratado refletem as necessidades mais imediatas da região, a exigir tratamento jurídico especializado: direito ecológico; direito agrário; direito indígena; direito minerário; direito da navegação (fluvial); direito do comércio exterior; e, direito comunitário. Dai a denominação direito amazônico. Interpretar e aplicar o direito de acordo com o contexto regional.

domingo, janeiro 31, 2010

Indígena - STF

STF decide que expansão de área indigena é ilegal


O Supremo Tribunal federal concedeu liminar dando ganho de causa ao Governo de Roraima na ação judicial que pede que a terra indígena Serra da Moça não seja expandida para dentro do assentamento PA Nova Amazônia. Na decisão o STF afirma que o Governo Federal por meio do Incra e da Funai deve garantir a manutenção dos assentamentos já realizados na referida área (Assentamento Nova Amazônia), vedando-se o acesso de novos grupos indígenas ao local. O Ministro Gilmar Mendes determinou, ainda, que a União e a FUNAI se abstenham de praticar quaisquer atos no sentido de reconhecer a referida área como terra indígena.

É a segunda vez que a Procuradoria Geral de Roraima (Proge) ganha uma açao de destaque nacional. A primeira foi a suspensao da Operação Upatakon. A ação é um desdobramento da decisão do Supremo Tribunal Federal, que confirmou a demarcação contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol e foi assinada pelo governador Anchieta Júnior e pelos procuradores Chagas Batista, Eliton A. Meneses e Edival Braga.

ASSENTAMENTO - O Projeto de Assentamento Nova Amazônia está localizado na região da antiga fazenda Bamerindus (utilizada para o cultivo de arroz e formação de pasto para criação de gado), que foi repassada ao governo federal pelo banco Bamerindus em ação de dação em pagamento, para quitar dívidas do banco com a União.

Depois de incorporada ao patrimônio da União, foi destinada para a política nacional de reforma agrária. O Incra, na qualidade de executor das políticas públicas atinentes à reforma agrária, iniciou o assentamento de famílias. Atualmente, há 422 famílias de pequenos agricultores assentados e mais sete famílias desinstrusadas da terra indígena Raposa Serra do Sol. Na área de reserva técnica do projeto, acamparam oito famílias indígenas oriundas da reserva Serra da Moça. As famílias indígenas passaram a autodenominar-se comunidade Lago da Praia Mais informções na Folha Impressa

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 30 de janeiro de 2010).

Fundiário - CNJ

Número 47. Data: Sáb, 30 de Janeiro de 2010

Acordo prevê a regularização fundiária no estado do Pará

Uma ação conjunta entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Governo Federal e o Executivo paraense vai reorganizar e modernizar as unidades de registro de imóveis em todo o estado do Pará. É o que prevê o acordo de cooperação técnica assinado nesta terça-feira (26/01) - entre o CNJ, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Advocacia-Geral da União (AGU), o Instituto de Terras do Pará (Iterpa) e o Tribunal de Justiça do Estado (TJPA) - para a regularização fundiária de ocupações, transferências, titulações e registros de terras da União e do Incra situadas em áreas urbanas e rurais no Pará. "O objetivo é conjugar esforços para a garantia de maior segurança jurídica aos processos de regularização fundiária no Pará e, posteriormente, em toda a Amazônia Legal", afirmou o presidente do CNJ, ministro Gilmar Mendes.

De acordo com o ministro, a intenção é dar agilidade as ações voltadas à regularização das terras. "Vamos buscar realizar esse trabalho da maneira mais rápida e profunda possível por meio da virtualização dos cartórios paralelamente à análise dos títulos para que, quando detectada alguma irregularidade, as providências legais possam ser tomadas de maneira também célere", explicou o ministro Gilmar Mendes. "Essa é uma prioridade para todas as partes envolvidas neste acordo. Queremos sanar, de uma vez por todas, esse quadro endêmico de irregularidades", completou o presidente do CNJ.

Também foi assinada, durante a primeira sessão plenária do Conselho, portaria conjunta entre o CNJ e o TJPA para a execução de um Mutirão de Julgamento de Crimes no Campo no estado do Pará. Pelo acordo de cooperação técnica firmado nesta terça-feira, o Conselho Nacional de Justiça será o coordenador das medidas de modernização dos cartórios imobiliários do estado em um prazo de 12 meses, que poderá ser prorrogado. As ações conjuntas serão desenvolvidas em aproximadamente 90 unidades de registro de imóveis das comarcas do Pará. A meta é padronizar os procedimentos para a outorga de domínio das propriedades cujos títulos de posse tenham sido emitidos no estado, incluindo aqueles abrangidos pelo Programa Terra Legal Amazônia. O programa, desenvolvido pelo MDA, é voltado a regularização de 300 mil posses na região amazônica que tenham até quatro módulos fiscais.

Investimento - Para operacionalizar o acordo de cooperação técnica, o MDA investirá R$ 8,5 milhões nas ações de modernização dos cartórios de registro de imóveis do Pará. "Trabalhando de forma coordenada, vamos garantir maior controle e estabilidade jurídica às regularizações fundiárias no estado e cortar, pela raiz, os conflitos agrários que existem naquela região", disse o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.

Os recursos financeiros serão aplicados, por meio da Iterpa, no desenvolvimento de medidas que vão desde a capacitação de titulares ou responsáveis pelas unidades de registro até a criação de bancos de dados (para o controle de aquisição de imóveis rurais por estrangeiros, por exemplo), a restauração de acervos danificados, a digitalização da documentação e o desenvolvimento de sistemas de informática que garantam a padronização, a segurança e a confiabilidade nos procedimentos de registro de imóveis.

Conforme o acordo de cooperação técnica, o Conselho também poderá requisitar magistrados e servidores do Judiciário e do quadro do CNJ para o auxílio às atividades de reorganização e modernização das unidades de registro de imóveis do Pará. "A partir desse esforço conjunto para a regularização fundiária e o reordenamento territorial no estado, poderemos combater a grilagem e a violência e, consequentemente, estabelecermos a paz no campo", disse a governadora do Pará, Ana Julia Carepa.

Além dos ministros Gilmar Mendes e Guilherme Cassel e da governadora Ana Julia Carepa, assinaram o acordo de cooperação técnica o representante da Advocacia-Geral da União, Marcelo de Siqueira Freitas; o presidente do Incra, Rolf Hackbart; o presidente do TJPA, desembargador Rômulo Nunes, e o presidente da Iterpa, José Heder Benatti.


RM/EN


Agência de Notícias CNJ

sábado, janeiro 30, 2010

Fundiário-Regularização

TRANSFERÊNCIA DE TERRAS
Proge busca apoio para regularizar glebas

Procurador-geral do Estado, Francisco das Chagas Batista: apoio para georreferenciamento
ANDREZZA TRAJANO

O procurador-geral do Estado, Francisco das Chagas Batista, retornou ontem de Brasília, depois de se reunir durante a semana com representantes da AGU (Advocacia Geral da União) e do Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária), para solucionar o entrave que envolve a transferência de glebas da União para o Estado que ainda não foram georreferenciadas.

Todas as terras, antes de serem transferidas, devem passar pelo processo de georreferenciamento e o devido registro no cartório de imóveis. A transferência é feita por meio de título de doação, sem ônus para o Estado.

Chagas Batista não soube informar quantas das oito glebas repassadas estão sem o georrefereciamento - impossibilitando o registro no cartório -, como determina a lei dos registros públicos.

“A reunião foi positiva. Estou preparando um documento para protocolar junto à AGU na próxima segunda-feira e resolver a questão de forma administrativa”, enfatizou o procurador.

Ele destacou que as terras já são do Estado e que não há qualquer prejuízo para quem recebeu o título definitivo da terra sem o georreferenciamento.

MP – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou a medida provisória nº 454 e o decreto nº 6.754, determinando a transferência das terras da União para Roraima, em janeiro do ano passado.

Nesse mesmo ano, o Incra repassou as glebas Cauamé, Caracaraí, Barauana, BR-210-II e Murupu, somando área superior a 4,5 milhões de hectares - o que representa 75% do compromisso firmado pelo presidente Lula de transferir seis milhões de hectares ao Estado.

No início deste mês, o Incra entregou mais três glebas: Quitauaú, localizada nos municípios de Bonfim e Cantá, com área de 314 mil hectares; Tacutu, nos mesmos municípios, com área de 657 mil hectares; e Normandia, nos 21 mil hectares que ficaram de fora da área indígena Raposa Serra do Sol.

As glebas que estão em processo de licitação são: Santa Maria do Boiaçú, Pretinho, Caximbo, Mucucuaú, Baliza, Jauaperi, BR-210-I, Branquinho, Novo Paraíso e Vista Alegre, todas localizadas na região sul de Roraima. Ainda faltará a transferência das glebas Equador e BR-174.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 30 de janeiro de 2010).

sexta-feira, janeiro 29, 2010

Ambiental - Desmatamento

Amazônia só tolera mais 3% de desmate, após perder 17% da extensão

GIULIANA MIRANDA
colaboração para a Folha de S. Paulo

Se o desmatamento da Amazônia --que já consumiu 17% da floresta-- atingir a marca de 20%, o aquecimento global se encarregará de destruir o que sobrou, afirma uma compilação de estudos sobre a região feita pelo Banco Mundial.

As conclusões do documento, que reúne vários estudos publicados nos últimos anos, levam em conta simulações do comportamento da Amazônia em diferentes cenários projetados pelo IPCC (painel do clima da ONU).

Os cientistas identificaram que o efeito conjunto de incêndios, desmatamento e mudança climática empurra a floresta para um estado em que ela perde sua "massa crítica" para sobrevivência.

Como as árvores tropicais são importantes para a regulação do clima e o regime de chuvas, forma-se uma espécie de efeito dominó que afeta todo o bioma.
Editoria de Arte/Folha Imagem

Pior cenário

No pior cenário, a floresta da Amazônia encolhe 44% até 2025. O volume das precipitações tende a aumentar durante o período de chuvas e diminuir nos de seca, afetando a vazão dos rios de toda a bacia.

O leste da Amazônia --que é contíguo ao Nordeste-- terá as consequências mais graves. O período de seca aumentará e o clima mais quente contribuirá para o avanço da vegetação típica do semiárido. Até 2025, a região poderá perder 74% de sua atual área de floresta.

Já no sul da Amazônia, nesta previsão, pelo menos 30% dessa área de floresta tropical terá sido substituída por cerrado até 2025.

Assim como a caatinga, esse tipo de vegetação tem árvores menores, que absorvem menos gás carbônico da atmosfera.

Aquecimento

Mais carbono no ar, então, contribui para o aquecimento global, expandindo os impactos para o resto do país. No Nordeste, por exemplo, as estiagens devem se tornar ainda mais prolongadas, prejudicando a agricultura e a geração de energia elétrica na região.

"É a primeira vez que um trabalho avalia esses abalos [aquecimento global, incêndios e desmatamento] conjuntamente. A situação é grave. Precisamos tomar medidas imediatas", avalia Thomas Lovejoy, presidente do Comitê Científico Consultivo Independente do relatório do Banco Mundial.

Embora indique que parte das perdas na Amazônia sejam inevitáveis, o documento propõe ações de reflorestamento como solução. Estudioso da região há mais de 30 anos, Lovejoy afirma que elas são "imprescindíveis" e devem começar pela Amazônia oriental.

Para Carlos Nobre, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o reflorestamento é importante, mas insuficiente. "Não adianta nada se os países não diminuírem as emissões de gases-estufa", diz.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u686392.shtml

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Indígena

Indígenas ligados à Sodiur dizem ser contrários a posicionamento do CIR

Dionito Sousa disse anteontem que índios e brancos não poderiam conviver pacificamente em Anaro
O secretário-geral da Sociedade dos Índios Unidos do Norte de Roraima (Sodiur), Abel Barbosa, disse ser contrário às afirmativas feitas à Folha pelo coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza, sobre a suspensão parcial da homologação da terra indígena Anaro, no município de Amajarí.

Para o indígena, tuxaua da comunidade do Flexal, situada na Raposa Serra do Sol, a convivência entre índios e não-índios poderia ocorrer de forma pacífica na região e que o coordenador do CIR foi “infeliz” ao querer falar em nome de todos os indígenas.

“É tudo mentira o que ele está falando. Os fazendeiros nunca criaram conflito e nem roubaram nada dos indígenas. Pelo contrário, o pessoal do CIR que sai das terras que estão ocupando e montam grupos perto das fazendas para forçar a retirada dos fazendeiros, dizendo que as comunidades já existiam no local há anos. Isso tudo é só para gerar conflitos com os brancos”, acusou o tuxaua.

Abel Barbosa disse que, com a demarcação da Raposa Serra do Sol, já se tem terra suficiente para os indígenas produzirem. Mas, mesmo assim, os índios ligados à entidade, sob “influências de estrangeiros”, não se contentam, não desenvolvem a terra e querem ainda mais.

“Já chega de conflito. Vamos trabalhar. Temos uma área enorme que agora está abandonada, sem desenvolvimento nenhum. Nós queremos viver em paz, branco e índio, porque todos nós somos roraimenses, e agora a pessoa vem criar conflito. Por qual motivo que estão demarcando a terra? Para mim este é um modo de vender nossas terras para os estrangeiros. Ao invés de ficar brigando por mais terra, deveria trazer um projeto para desenvolver o que já temos”, destacou Abel Barbosa.

A professora Íris de Souza, da comunidade Santa Creuza, localizada na Raposa Serra do Sol, no município de Uiramutã, também esteve na redação da Folha para rebater as informações repassadas pelo coordenador do CIR.

Por ter parentes em Anaro, ela afirmou conhecer a realidade e se disse revoltada quando usam o nome de todos os indígenas para dizer que as comunidades estão sendo massacradas tanto pelos fazendeiros como pelo governo, enquanto são os próprios indígenas responsáveis por conflitos na região.

“Eles deixam as terras deles abandonadas para procurar mais terra para quê? Só querem arrumar confusão através de influência de outros. O que nós queremos é viver em paz e ter desenvolvimento. Eles dizem que vai haver conflito se eles não demarcarem essa área, mas vai haver é entre índios e índios, se continuar assim”, comentou a indígena.

CIR - O departamento de comunicação do CIR disse que não vai polemizar sobre esse assunto, pois a entidade sempre soube do comprometimento político das entidades que se colocaram contra a homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol ao defenderem interesses próprios ou de seus grupos, ficando sempre do lado de produtores de arroz e de governos, indo contra os próprios indígenas.

“As lideranças do CIR sabem do compromisso do coordenador Dionito José de Souza com a luta pela defesa dos direitos indígenas e de seu empenho em favor não só dos aliados do CIR, mas de todos os povos indígenas de Roraima”, diz a nota enviada à Folha pelo departamento de comunicação.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 23 de janeiro de 2010).

Indígena - demarcação

DECLARAÇÃO POLÊMICA
Presidente da Funai foi preconceituoso com Roraima, critica o senador Jucá

Para o senador, a atuação da Funai gera clima de “instabilidade” em Roraima
ÉLISSAN PAULA RODRIGUES

“Foi um momento de infelicidade. Temos que sentar e resolver problemas que ainda existem. Mas autoridades públicas têm que ter equilíbrio para conduzir o processo em paz, não é brigando que vai se resolver”. A afirmação é do senador Romero Jucá (PMDB), que refutou a declaração do presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Márcio Meira, à mídia nacional, de que o governo de Roraima seria anti-indígena. Meira estaria reagindo às afirmações do Estado, com relação ao possível apoio da fundação à invasão do projeto de assentamento Nova Amazônia por famílias indígenas.

Jucá disse lamentar as declarações de Márcio Meira enquanto dirigente público e as classificou como “preconceituosas e descabidas”. “Preconceituosa com Roraima e descabida por vários motivos. Entre eles, o fato de o Estado ter direito de ter um entendimento diferente da Funai e procurar a Justiça para dirimir qualquer questão. Ele [Mário Meira], enquanto agente público, tem que entender que tem várias partes envolvidas na questão com posições divergentes”, comentou.

Na opinião do parlamentar, a declaração não ajuda a acalmar os ânimos na região e tumultua ainda mais o processo. “Ele deveria entender que o contraditório é legítimo, que isso se decida na Justiça. Na questão da Raposa Serra do Sol, por exemplo, a Justiça decidiu o que a Funai queria e ele aplaudiu. Agora, como tem uma ação que, de repente, está contra a posição, ele tenta invalidar e parte para a agressão. Vamos ter que aguardar que a Justiça defina a questão”, analisou.

Jucá disse que outras questões que devem receber atenção e serem discutidas no âmbito político e jurídico dizem respeito à ampliação da Serra da Moça, a área urbana do município de Pacaraima, e a criação do Parque Nacional do Lavrado. “Tudo isso tem que ser resolvido, não com a ampliação de áreas indígenas. Não vamos mais concordar com isso, esse momento acabou em Roraima. O momento não é de atacar e de criar animosidades”, frisou.

O senador disse que Roraima se preocupa com a questão indígena e que uma prova disso seria a recente aprovação de um projeto que prevê o consumo gratuito de energia elétrica para comunidades indígenas. “Essa proposta é de minha autoria e deve beneficiar 200 aldeias indígenas apenas em Roraima. Os consumos de até 50 watts não serão cobrados, e, como as comunidades não possuem contador, será contabilizado como tarifa mínima e a conta será paga pela Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras)”, esclareceu.

A atuação da Funai em Roraima, de acordo com Jucá, seria um dos motivos para a existência de um ‘clima de instabilidade’ no Estado. “Em outras situações, a falta de habilidade dessa atuação gerou uma instabilidade. Por exemplo, historicamente a Funai tem dívida com Roraima no reassentamento de proprietários que deixaram áreas demarcadas, e não estou falando apenas da Raposa Serra do Sol. O pagamento de indenizações justas também é outro problema. Então acho que o momento não e de ‘esticar a corda’, mas de acalmar os ânimos”, finalizou.

‘Funai abandona índios à própria sorte’, afirma nota do governo

O Governo de Roraima, por meio da Secretaria de Comunicação, também enviou nota à Folha tratando do tema. Conforme o texto, “a via democrática de discussão de litígios é do Poder Judiciário. Portanto, é estranho, para o governo de Roraima, o posicionamento da Funai, que considera anti-indígenas as contestações judiciais de ampliação de reservas indígenas do Estado”.

Ainda conforme a nota, Roraima é o estado brasileiro com maior número de terras em poder da Funai. São 46,21 por cento do seu território. “E a instituição indigenista não quer parar por aí. Acha a quantidade de terras insuficiente e quer mais. O Governo do Estado, e não a Funai, é que leva estradas, energia elétrica, educação, saúde, desenvolvimento às comunidades indígenas de Roraima. Portanto, anti-indigenista é quem tem a responsabilidade legal de cuidar dos índios e os abandona à própria sorte”, analisa.

“Recorrer a um poder constituído para contestar o que considera injusto, como a ampliação da reserva indígena Serra da Moça, ocupando terras de um assentamento feito pelo próprio governo federal, faz parte da natureza democrática de exercício do Poder. Antidemocrático, anti-indigenista, é agir pela força, contrariando a lei”, diz o texto. Para concluir o pensamento, o governo diz que os protestos de índios por contrariedade aos seus interesses têm sido vistos em frente ao prédio da sede da Funai, em Brasília, e não em frente ao Palácio Senador Hélio Campos, a sede do governo de Roraima.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 25 de janeiro de 2010).

Ambiental

Reserva de petróleo na Amazônia está sob parque recordista em biodiversidade

Equador ameaça explorar subsolo se não receber para preservar o local.
Chanceler renunciou por causa de impasse sobre acordo internacional.

Artigo publicado na revista científica online “PLoS ONE” conclui que o Parque Nacional Yasuní, na Amazônia equatoriana, tem grande importância devido à sua extraordinária biodiversidade e potencial para mantê-la no longo prazo.

O texto assinado por 13 pesquisadores de instituições dos EUA, Reino Unido, Alemanha e Equador é a primeira síntese abrangente da variedade de anfíbios, aves, mamíferos e plantas daquela área e recomenda que não haja ali construção de estradas ou novas atividades de exploração de petróleo – ao contrário do que ameaça fazer o presidente equatoriano Rafael Correa caso a comunidade internacional não aceite pagar pela conservação da floresta.


Foto: Reprodução
Área guarda uma das maiores biodiversidades do mundo, segundo levantamento feito pelos cientistas.(Foto: Reprodução)



Dados de inventários científicos mostram, segundo os autores da pesquisa, que Yasuní está entre os lugares com maior biodiversidade na Terra, com recordes de espécies de anfíbios, répteis, morcegos e árvores.




Ampliar Foto Foto: Arte G1 Foto: Arte G1
Localização do Parque Nacional Yasuní. (Foto: Arte G1)

As conclusões do estudo alimentam a polêmica em torno da iniciativa batizada de Yasuní-ITT - sigla em referência ao parque e do campo petrolífero de Ishpingo, Tambococha e Tiputini -, segudo a qual o Equador quer deixar de extrair o equivalente a 900 milhões de barris de petróleo - cerca de um quinto das reservas equatorianas, o que equivaleria a deixar de emitir mais de 400 milhões de toneladas de dióxido de carbono.



A proposta é que a comunidade internacional contribua com recursos para que o petróleo seja mantido no subsolo, deixando a floresta intacta.

Rafael Correa, no entanto, rejeitou recentemente as condições do acordo que vinham sendo negociado com as Nações Unidas para o Equador receber os US$ 3,5 bilhões previstos.


"Já dei a ordem para que não se firme o acordo nestas condições vergonhosas. Há pessoas que não entendem que os tempos mudaram e que aqui hoje há soberania e dignidade", disse Correa sobre o acordo proposto



O impasse levou o chanceler equatoriano, Fander Falconí, a renunciar no último dia 12. Nesta quinta (21), Correa anunciou que Ricardo Patiño, até então ministro de Coordenação da Política do Equador, como seu substituto.



Doutor em economia e gestão ambiental, Falconí liderava o projeto de abandono da exploração dos campos ITT ao lado de Roque Sevilla, presidente da comissão técnica responsável e que renunciou pouco antes do ex-chanceler, após ser acusado por Correa de proclamar o fracasso do plano.

Fonte: http://www.globoamazonia.com/Amazonia/0,,MUL1457990-16052,00-RESERVA+DE+PETROLEO+NA+AMAZONIA+ESTA+SOB+PARQUE+RECORDISTA+EM+BIODIVERSIDAD.html

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Indígena - demarcação

Governo é contra índios, acusa Funai

O presidente da Funai, Márcio Meira, acusou o governo roraimense ao comentar ação ajuizada no STF

CYNEIDA CORREIA

A afirmação do presidente da Funai, Márcio Meira, divulgada ontem na mídia nacional, de que o governo de Roraima é anti-indígena, provocou polêmica no Estado e foi rechaçada de forma drástica pelo procurador adjunto Edival Braga, que afirmou que Meira é apenas “um servidor público de segundo escalão” e que está “desrespeitando” Roraima.

“No modelo federativo brasileiro é imperativo que a União respeite a autonomia política dos estados. O posicionamento do presidente da Funai só demonstra o desrespeito da União pelos estados-membros da Federação, uma vez que um servidor de segundo escalão critica o governador de um estado sem levar em consideração o modelo da Federação brasileira”, avaliou

Para Braga, a política indigenista do governo federal é “equivocada” e não respeita os estados-membros. “Todo mundo que vai contra essa política indigenista cheia de equívocos é considerado anti-indigenista” criticou.

A afirmação de Meira de que o governo seria anti-indígena foi uma reação do presidente da Funai às acusações do governo de Roraima de que a fundação estaria apoiando uma suposta invasão do Projeto de Assentamento Nova Amazônia por famílias indígenas. “O governo de Roraima é um governo anti-indígena e já demonstrou isso várias vezes. Qualquer medida de interesse dos índios de Roraima, eles entram com uma ação contrária”, afirmou.

As acusações contra a Funai foram feitas em uma ação judicial com que o governo de Roraima entrou no STF. Assinada pelo próprio governador José de Anchieta Júnior, ela pede que a terra indígena Serra da Moça não seja expandida para dentro do assentamento.

Para Meira, o assunto não tem relação com a Raposa Serra do Sol e deve ser tratado em âmbito federal, pois as terras pertencem ao Incra. A Funai ainda não sabe se, caso reconhecida, a terra indígena deve ser uma extensão da Serra da Moça ou se deve ser criada uma outra reserva. "Ainda vamos ver qual será a solução jurídica adequada."

AÇÃO - A ação é um desdobramento da decisão do Supremo Tribunal Federal, que confirmou a demarcação contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol e foi assinada pelo governador Anchieta Júnior e pelos procuradores Chagas Batista, Eliton A. Meneses e Edival Braga.

Segundo o procurador Braga, a presença de índios provocou “desespero dos produtores assentados, temerosos de mais uma traumática expulsão, e do Estado de Roraima, assustado com a sanha demarcatória do governo federal e com o fundado receio de que as perspectivas de desenvolvimento econômico regional sejam todas sufocadas por uma distorcida visão da questão indígena”

ASSENTAMENTO - O Projeto de Assentamento Nova Amazônia está localizado na região da antiga fazenda Bamerindus (utilizada para o cultivo de arroz e formação de pasto para criação de gado), que foi repassada ao governo federal pelo banco Bamerindus em ação de dação em pagamento, para quitar dívidas do banco com a União.

Depois de incorporada ao patrimônio da União, foi destinada para a política nacional de reforma agrária. O Incra, na qualidade de executor das políticas públicas atinentes à reforma agrária, iniciou o assentamento de famílias. Atualmente, há 422 famílias de pequenos agricultores assentados e mais sete famílias desinstrusadas da terra indígena Raposa Serra do Sol. Na área de reserva técnica do projeto, acamparam oito famílias indígenas oriundas da reserva Serra da Moça. As famílias indígenas passaram a autodenominar-se comunidade Lago da Praia

O juiz federal da 2ª Vara da Seção Judiciária de Roraima, Atanair Nasser Ribeiro Lopes, deferiu liminar determinando a desocupação da área do Projeto de Assentamento Nova Amazônia pelos indígenas que ali se instalaram. No entanto, os efeitos da medida liminar foram suspensos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que determinou a reintegração de posse à União, com a consequente retirada de não-índios, que também invadiram a área à revelia do Incra.

A área reivindicada pelos indígenas corresponde a aproximadamente 3.200 hectares. “Não soa leviano imaginar que a ampliação da terra indígena Serra da Moça é iminente, ainda que sob o rótulo inicial de assentamento indígena ou de Projeto de Desenvolvimento Sustentável”, acusou Braga, referindo-se aos estudos realizados pelo Incra no local para criação dessa modalidade de assentamento, para incluir as famílias indígenas no Programa Nacional de Reforma Agrária.

Matérias da Folha embasam ação contra governo federal

Vinte matérias publicadas pelo jornal Folha de Boa Vista foram colocadas como anexo da ação movida pelo Governo de Roraima contra a União. Todas dizem respeito à realidade dos moradores do P.A Nova Amazônia e as dificuldades enfrentadas por eles.

Entre as matérias citadas estão algumas de 2007, onde a Folha já mostrava a situação de conflitos entre índios e fazendeiros. Outras demonstram as propostas do Incra de dividir a área de assentamento e ainda o debate entre as autoridades sobre o problema no assentamento, além das inspeções e demarcações feitas na região do Truaru pelo Incra e pela Funai . Também foram usadas matérias sobre a participação dos políticos no debate sobre o impasse que se criou no projeto de assentamento.

A ida dos assentados até o Ministério da Agricultura também foi citada. Em todas as reportagens o clima de insegurança no local e até mesmo os conflitos serviram de base para pedir um posicionamento urgente do Supremo Tribunal Federal (STF). (C.C.)

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 22 de janeiro de 2010).

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Indígena - demarcação

SERRA DA MOÇA
Anchieta vai ao STF contra expansão da reserva Serra da Moça, na capital


A ação foi assinada pelo próprio governador Anchieta Júnior ÉLISSAN PAULA RODRIGUES

O Governo do Estado entrou com ação cautelar, com pedido de liminar, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), na intenção de evitar a expansão da reserva indígena da Serra da Moça dentro dos limites do Projeto de Assentamento Nova Amazônia. O local possui 3.200 hectares e é contíguo à área indígena, que já possui 11.626 hectares para uma população de apenas 441 índios.

A ação, assinada pelo próprio governador José de Anchieta Júnior, é contra a União, a Funai (Fundação Nacional do Índio) e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Foi encaminhada ao presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, e precede Ação Civil Originária, a ser proposta como ação principal no prazo de 30 dias, contados da data da efetivação de eventual medida cautelar.

O texto traz um histórico da questão, retratando desde a desapropriação da antiga Fazenda Bamerindus para fins de reforma agrária, até a invasão por um grupo de oito famílias indígenas procedentes da terra indígena Serra da Moça, além da ameaça de outros 400 índios invadirem a área do assentamento. De acordo com a ação apresentada pelo Governo de Roraima, o grupo indígena “apressou-se em denominar a área invadida de Comunidade Indígena Lago da Praia, sem qualquer respaldo do poder público”.

Entretanto, conforme a alegação, ainda assim a União, o Incra e a Funai estariam dando respaldo à invasão, “com a adoção de medidas tendentes não apenas a legitimar a invasão, mas, sobretudo, a torná-la, dentro em breve, mais uma área indígena no estado de Roraima, que ainda deplora e padece a recente perda da Raposa Serra do Sol”.

DEFESA - A inviabilização do desenvolvimento econômico e social do Estado, por conta da ampliação das terras indígenas já demarcadas, é outra alegação interposta pelo governo. Além ainda da ameaça à segurança jurídica, ante a iminência de descumprimento de decisões do STF, a invasão seria o prenúncio de novos conflitos, segundo o texto da ação.

A ação pede que seja determinado aos indígenas oriundos da reserva Serra da Moça que não retornem à área invadida ou, caso já tenham retornado, que a desocupem, até julgamento de mérito da ação, e que a União, a Funai e o Incra, bem como a comunidade indígena Serra da Moça, se abstenham de adotar qualquer medida tendente a legitimar a invasão e a converter a área invadida numa extensão da reserva Serra da Moça.

CONDIÇÃO - Uma das condições impostas pelo STF durante o julgamento da questão em torno da área indígena Raposa Serra do Sol, e que assegura a participação dos entes federados no procedimento administrativo de demarcação das terras indígenas encravadas em seus territórios, também foi utilizada pela defesa de Roraima no pedido de liminar. “Em momento algum o Estado foi instado a se manifestar no conflito deflagrado no Projeto de Assentamento Nova Amazônia, que diz respeito à demarcação da reserva Serra da Moça”.

Outro tópico abordado trata da data de 5 de outubro de 1988 (data de promulgação da Constituição Federal de 1988) fixada como marco para o reconhecimento, aos índios, dos direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam.

Também a condição estabelecida pelo STF, que veda a ampliação de terra indígena já demarcada, de modo que o governo federal “não pode patrocinar ou chancelar invasão”, foi alegada.

OUTRO LADO – A Folha procurou a Funai e a Procuradoria Geral do Estado, para se posicionarem com relação à matéria, mas devido ao feriado, não conseguiu localizar nenhum de seus representantes.


Incra diz que estuda criar assentamento para índios


A assessoria de comunicação do Incra esclareceu ontem que o instituto não defende a ampliação da terra indígena Serra da Moça, conforme afirma a ação protocolada pelo Estado. Explicou, no entanto, que estuda a possibilidade de destinar os 3.200 hectares para a criação de Projeto de Desenvolvimento Sustentável, uma das modalidades de assentamento geridas pelo órgão, para atender as famílias de agricultores indígenas que ocupavam a área.

Por outro lado, explica que os imóveis rurais que compreendiam a fazenda Bamerindus não foram desapropriados, mas entregues pelo banco à União em ação de dação em pagamento. A União transferiu o domínio para o Incra, para que a área fosse utilizada pelo Programa Nacional de Reforma Agrária, razão pela qual criou no local os assentamentos Nova Amazônia e Nova Amazônia I.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 21 de janeiro de 2010).

Indígena - demarcação

ANARO
STF suspende demarcação em fazenda


O ministro Gilmar Mendes considerou plausíveis os argumentos apresentados pela defesa do produtor Oscar Maggi

LUANY DIAS

A demarcação da terra indígena Anaro foi suspensa parcialmente por decisão liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes. A decisão saiu ontem e suspende apenas a demarcação em relação à parte que abrange a fazenda Topografia, cujos proprietários afirmam se sentir prejudicados pelo decreto do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, publicado há exatamente um mês, homologando a reserva.

A medida declara ser de posse indígena uma área no município de Amajari, com extensão de 30.473 hectares. A fazenda Topografia, alvo do Mandado de Segurança (MS) 28574, tem 1.500 hectares dentro da área demarcada e foi adquirida em 1943, conforme documentos apresentados pelo proprietário, Oscar Maggi, que comprovariam a posse.

Conforme a advogada da defesa, Luana Ruiz Silva, que atua em Campo Grande (MS), a fazenda foi legalmente adquirida quando não havia índios no local. Ela explicou que nos termos da jurisprudência do STF, a partir da decisão sobre a legalidade da reserva Raposa Serra do Sol, terras tradicionalmente indígenas seriam somente aquelas efetivamente habitadas por grupos de índios no momento da promulgação da Constituição Federal de 1988, o que não é o caso desta fazenda, adquirida ainda na década de 1940.

A União determinou a desocupação da terra indígena em 30 dias, mas a defesa questionou que "a questão ainda está sob análise do Poder Judiciário”, em ação que corre na Justiça Federal de Roraima. A princípio havia 12 fazendas em Anaro, mas seis proprietários foram indenizados e já se retiraram. Em dezembro, o dono de seis fazendas procurou a administração regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) e se propôs a sair da área mediante o pagamento da indenização. Além dele, restariam somente duas fazendas cujos ocupantes deveriam ser desintrusados da região.

A advogada sustenta que o presidente da República não teria legitimidade para a demarcação de terras indígenas, função que caberia exclusivamente ao Congresso Nacional. Além disso, afirma que os donos da área não tiveram oportunidade de se manifestar no processo, uma vez que o estudo antropológico teria se baseado exclusivamente em entrevistas com os índios.

“Se o senhor Oscar tiver que sair de sua propriedade, o prejuízo financeiro será inestimável para ele, mas acima de tudo, enquanto cidadão brasileiro, pois o país verá mais um absurdo ato de confisco. No entanto, acredito na Justiça e que isso não irá acontecer. Ademais, foge completamente da razoabilidade a demarcação de mais de 30 mil hectares para 54 í¬ndios”, disse Luana Ruiz.

Na decisão, o ministro Gilmar Mendes afirmou que “são plausíveis os argumentos quanto à violação ao devido processo legal, à ampla defesa e ao contraditório”. Além disso, reconhece que a data de 5 de outubro de 1988 foi fixada como marco temporal de ocupação no caso da área indígena Raposa Serra do Sol.

Portanto, por entender que os motivos são suficientes para conceder a liminar, o ministro suspendeu os efeitos do decreto em relação à fazenda Topografia até que o Supremo se manifeste em definitivo sobre o pedido.

DECRETO - A terra indígena Anaro foi homologada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 21 de dezembro passado. O mesmo decreto homologou outras nove terras indígenas, que ocupam 5 milhões de hectares no Amazonas, Pará, Mato Grosso do Sul e Roraima.

Anaro abriga 54 índios wapixana. A terra fica na região leste do Estado, no Amajari, próximo da Raposa Serra do Sol, e foi demarcada em 22 de junho de 2006.

OUTRO LADO – A Folha entrou em contato com o administrador da Funai em Roraima, ontem, mas conseguiu falar com ele.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 21 de janeiro de 2010).

terça-feira, janeiro 19, 2010

Ambiental - Licenciamento

Licenciamento Ambiental


No ultimo dia 11.01, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Turismo – SEMACT, firmou um convênio com a FEMACT (Fundação Estadual do Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Turismo, o licenciamento ambiental tão desejado pelos municípios do estado que até então não tinham autonomia e juntamente com Rorainópolis, Alto Alegre, Mucajaí e Cantá também foram licenciados.

No caso desse convênio, todos os empreendimentos que tem necessidades que se faça o licenciamento ambiental na maioria que vai fazer é o município, como obras que são executadas, os tanques de piscicultura procurados por muitos agricultores, mas, segundo o secretário Luciano Noronha, a questão florestal continua sendo de competência da Femact. “Infelizmente a questão florestal não ficou como responsabilidade nossa, mas, de todos os empreendimentos que são necessários, exceto esse, é nossa responsabilidade”, porém, o mais importante é que o licenciamento vai trazer inúmeros benefícios pra quem mora em Rorainópolis.

Desde agora a secretaria já está fazendo o credenciamento dos consultores que vão fazer os projetos e dos profissionais que vão analisar as demandas de pedidos de licenciamento ambiental e as emissões serão pelo próprio município o que é bom por que além do município está acelerando esse processo de está cuidando da sua própria casa a arrecadação será aumentada e com esse aumento, tudo será reinvestido em Rorainópolis, por meio do fundo municipal de meio ambiente, serão revestidos em projetos escolares, de recuperação de áreas degradadas.

Hoje, as maiores reclamações contra o meio ambiente vem por parte dos agricultores que dizem não haver flexibilidade e nem reuniões para que eles possam tirar suas dúvidas, mas, que um planejamento já está sendo executado pela prefeitura de Rorainópolis, onde o prefeito James Barro, tem se preocupado em conversar com os produtores rurais em busca de melhorias na relação entre homem do campo e os órgãos estaduais e municipais.

“As questões ambientais sempre foram barreiras para o homem do campo, por isso lutei para que o licenciamento ambiental fosse liberado o mais rápido possível, para que nós não ficássemos de mãos atadas esperando pelas instituições estaduais”. Afirma James Barro, Prefeito de Rorainópolis.

As fiscalizações serão intensificadas, com caráter de conscientização, mostrando o que é correto, para que dê tempo para que as pessoas organizem seus empreendimentos e as punições só serão necessárias caso haja reincidência nos casos, no entanto, de antemão será esclarecida toda a legislação.

Luciano Noronha ainda diz que o objetivo é trabalhar em parceria não é por que se trata de órgãos fiscalizadores que vão deixar de dar suporte para que as coisas aconteçam, e só assim o município vai desenvolver.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Ambiental - Unidade de Conservação

Agricultor pede união da população para evitar que Parque Nacional do Lavrado seja criado

Produtor e médico psiquiátrico Laerth Thomé na entrevista à Rádio Folha
O produtor e médico psiquiátrico Laerth Thomé defendeu a necessidade de união entre políticos, governos estadual e municipal e população de modo geral para evitar a criação da unidade de conservação, que se convencionou chamar de Parque Nacional do Lavrado. A unidade é uma pretensão do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e deveria ser situada na região da Serra da Lua, no município de Bonfim.

Ele foi um dos entrevistados, na manhã de ontem, do ‘Agenda da Semana’, programa apresentado aos domingos pelo economista Getúlio Cruz, na Rádio Folha (AM 1020). Para Thomé, o impasse é mais abrangente do que aparenta ser, pois estaria relacionada ao modelo de desenvolvimento pretendido pelas pessoas que vivem em Roraima.

“Penso que esta questão do parque nos remete para uma questão ampla do futuro deste estado, futuro da cidadania das pessoas que moram aqui. É preciso que a classe política e população digam que modelo de desenvolvimento se pretende criar neste estado. É preciso saber se este modelo é centrado nas pessoas ou em outras circunstâncias”, explicou.

O produtor acrescenta que não tem sentido proteger uma área que já está sendo preservada pelas comunidades, algo afirmado, segundo ele, pelo próprio ICMBio e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “É preciso que a população, políticos, governos e forças da sociedade digam se este modelo de desenvolvimento que vai ser implantado garante ou não a dignidade da população e do povo. Não se pode, em troco da preservação de uma área, expulsar pessoas”, completou.

A Associação dos Moradores da Serra da Lua, segundo o produtor, já estaria organizando uma ação, denominada Caravana da Solidariedade, que visa à discussão com a população dos 15 municípios de Roraima sobre os reflexos da criação do parque na Serra da Lua. O objetivo é finalizar o movimento concentrando 30 mil pessoas em uma das praças de Boa Vista para explicitar que a sociedade local não concorda com políticas que prejudiquem o desenvolvimento da unidade da Federação.

“A associação trabalha e atua dentro do marco da legalidade. Não faremos e diremos nada que possa ferir a questão legal deste país. A associação está trabalhando desta forma e não tem nenhum ranço que qualquer político se incorpore a esta questão. É uma questão suprapartidária”, frisou.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 18 de janeiro de 2010).

terça-feira, janeiro 12, 2010

Fundiário-Regularização

REGULARIZAÇÃO DE TERRAS
Incra repassa mais 3 glebas para o Estado

Os títulos de doação foram assinados ontem pelo governador Anchieta Júnior e pelo superintendente do Incra, Titonho Beserra
ÉLISSAN PAULA RODRIGUES

O Estado recebeu ontem pela manhã do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) mais três glebas - Quitauaú, Tacutu e Normandia - e alcançou 75% de repasse de terra previstos desde a assinatura pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da medida provisória nº 454 e o decreto nº 6.754, determinando a transferência das terras da União para Roraima, em janeiro do ano passado.

Durante uma rápida solenidade, o superintende do Incra, Titonho Beserra, anunciou que as glebas restantes serão demarcadas e georreferenciadas antes de passar ao domínio do Estado e informou que no mês passado o órgão licitou o georreferenciamento de mais dez glebas, no valor total de R$ 1,4 milhão. “As duas empresas que venceram a licitação já receberam ordem de serviço para iniciar os trabalhos. A previsão é que tudo esteja pronto até setembro”, salientou.

O Incra já havia repassado no ano passado as glebas Cauamé, Caracaraí, Barauana, BR-210-II e Murupu, somando área superior a 4,5 milhões de hectares - o que representa 75% do compromisso firmado pelo presidente Lula, de transferir seis milhões de hectares ao Estado.

Ontem foram repassadas as glebas Quitauaú, localizada nos municípios de Bonfim e Cantá, com área de 314 mil hectares; Tacutu, nos mesmos municípios, com área de 657 mil hectares; e Normandia, nos 21 mil hectares que ficaram de fora da área indígena Raposa Serra do Sol.

As glebas que estão em processo de licitação são: Santa Maria do Boiaçú, Pretinho, Caximbo, Mucucuaú, Baliza, Jauaperi, BR-210-I, Branquinho, Novo Paraíso e Vista Alegre, todas localizadas na região sul de Roraima. Segundo Titonho Beserra, após a conclusão dessa fase, resta georreferenciar e demarcar as glebas Equador e BR-174 para repassar ao Estado todos os municípios do Sul.

Em entrevista à Folha, o governador Anchieta Júnior (PSDB) frisou que, com o ato, chega a 90% o percentual de imóveis rurais repassados ao Estado, uma vez que as glebas já entregues concentram o maior número de produtores. “Dos 6 milhões de hectares, o Incra já conseguiu repassar mais de 4 milhões, resultado de um trabalho em parceria com o Iteraima (Instituto de Terras de Roraima)”, reforçou.

Ele anunciou que é meta do governo para esse ano licitar e regularizar as terras de quem de fato as ocupa há algum tempo. “As áreas remanescentes vamos licitar dentro do que prevê a Constituição Federal”, garantiu.

Anchieta disse que o setor primário, até então, padecia com a insegurança jurídica com relação à falta de regularização das terras, mas que a ideia do Estado é incentivar o setor com a ampliação de projetos que tenham como foco a recuperação de estradas, energia elétrica, além de distribuição de sementes e insumos como o calcário.

“É todo um somatório de ações visando o fomento ao setor, que com a regularização poderão também contrair financiamentos junto a unidades bancárias e de forma objetiva desenvolver Roraima”, comentou.

O governador disse também que empresas nacionais e internacionais têm demonstrado maior interesse em investir em Roraima após o processo de regularização de terras. “No ano passado o grupo Campo e também o Mitsubishi, além de empresas das regiões Sudeste e Sul, demonstraram interesse em produzir em Roraima”, exemplificou Anchieta, confirmando que pretende incentivar novos investimentos.

CLÁUSULAS – A transferência das três glebas foi feita por meio de título de doação, sem ônus para o Estado. O título de doação contém seis cláusulas que estabelecem as condições do repasse, a exclusão das áreas afetas a órgãos públicos, como as terras indígenas, unidades de conservação e os projetos de assentamento do Incra, bem como os imóveis titulados.

Determina, ainda, que os processos inconclusos, aqueles cujos títulos foram emitidos, mas não estão registrados em cartório, assim como os processos com títulos cancelados, sejam remetidos ao Instituto de Terras de Roraima (Iteraima), que dará prioridade aos mesmos na regularização fundiária.

(Fonte: Jornal Folha de Boa VVista, de 12 de janeiro de 2010).

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Indígena - energia

COTINGO
CIR é contra construção de hidrelétrica

Dionito Souza, coordenador do CIR: “Se foi homologada uma terra para os povos indígenas, o rio é nosso”
WILLAME SOUSA

O coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza, em entrevista exclusiva à Folha, disse que as comunidades da reserva indígena Raposa Serra do Sol não permitirão a construção da hidrelétrica de Cotingo.

A declaração ocorre na semana em que foi anunciada a liberação de recursos do governo federal para a realização de estudos técnicos, que visam edificar a segunda hidrelétrica de Roraima e solucionar o problema energético local. A pretensão é aproveitar o potencial da cachoeira do Tamanduá, localizada a cerca de 50 km, em linha reta, da sede do município de Uiramutã, no extremo norte e dentro de áreas de índios.

Conforme Dionito Souza, uma das principais lideranças indígenas de Roraima, ainda não houve nenhuma conversa entre índios e governo federal ou qualquer entidade pública envolvida neste processo. “Acredito que os parlamentares, empresas e governos, sejam eles estadual ou federal, deverão respeitar primeiramente o direito dos povos indígenas, porque se foi homologada uma terra para os povos indígenas, o rio é nosso”, afirmou.

Questionado quais seriam os motivos do posicionamento contrário à execução da obra, o coordenador explicou que os povos habitantes da Raposa estão em fase de reconstrução de tudo o que foi destruído ao longo da ocupação da área por não-índios e de planejamento das próximas ações a serem executadas nos próximos anos.

“Por enquanto, não pensamos na hidrelétrica do rio Cotingo. Nós não vamos de maneira nenhuma permitir esta construção este ano ou nos próximos anos. Se realmente for imposição do governo, a gente vai procurar os nossos direitos”, acrescentou.

Outros fatores mencionados foram os possíveis danos ambientais que a obra traria à região e o gasto desnecessário de dinheiro, pois, conforme a liderança, Cotingo não teria volume de água suficiente para gerar a energia necessária ao Estado, além de ser um rio que seca consideravelmente em período de estiagens rigorosas, como esta pela qual Roraima passa.

Entretanto, o coordenador disse que há, sim, pretensão das comunidades que ocupam a área de construir uma hidrelétrica de pequeno porte daqui a 10 anos ou mais. Os estudos das obras seriam feitos pelos próprios índios, após formação técnica que deverá ocorrer ao longo destes anos.

“Não vamos mais aceitar qualquer projeto de paraquedas. Nós vamos ter que planejar a vida dos povos indígenas na Raposa Serra do Sol. A hidrelétrica não vai trazer benefícios aos povos indígenas, mas o rio Cotingo, com água limpa, pura e saudável, irá dar vida aos povos indígenas”, disse.

ASSEMBLEIA GERAL – Questionado qual seria o posicionamento de todas as comunidades da Raposa Serra do Sol, Dionito Souza explicou que ainda não houve discussões sobre o assunto com todos os indígenas.

Isto será algo que irá ocorrer, informou ele, na Assembleia Geral dos Povos Indígenas, que ocorre de 06 a 09 de março, na comunidade do Araçá, no município do Amajari. “Vamos colocar isto em pauta. Mas ainda não estamos preocupados com esta hidrelétrica de Cotingo”, frisou.

Coordenador diz que CIR também não é favorável à criação de Parque do Lavrado

O coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito Souza, aproveitou a oportunidade para afirmar que também não é favorável à criação do Parque Nacional do Lavrado dentro da reserva indígena Raposa Serra do Sol, área cuja maior parte da vegetação é constituída por cerrado.

A opção de se criar a unidade de conservação dentro das referidas terras, que têm cerca de 1 milhão e 700 hectares, surgiu após a polêmica em torno da pretensão do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) de destinar uma área na região da Serra da Lua, no município de Bonfim, para a conservação do lavrado roraimense.

“Esta questão ainda não foi conversada. Querem misturar muita coisa para nos confundir. Tem que separar este Parque do Lavrado da Raposa, porque a Raposa Serra do Sol já é declarada como terra indígena. Se nós fôssemos destruidores da natureza, eles não teriam dado este 1 milhão e 700 hectares para nós”, disse.

O coordenador afirmou que não percebe a necessidade de se criar uma unidade de proteção dentro de uma reserva indígena, que teoricamente já estaria protegida. “Não sou favorável. O lavrado na Raposa está todo completo. Acredito também que os nossos parlamentares vão ter que nos respeitar, porque nós estamos trabalhando dentro do equilíbrio ambiental”, frisou

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 11 de janeiro de 2010).

sábado, janeiro 09, 2010

Fundiário-Regularização

APÓS TRANSFERÊNCIA
Produtores não conseguem registrar títulos

Pedro Paulino: “Iteraima entrou com ação na Justiça para reverter situação”
VANESSA LIMA

Proprietários de terras localizadas nas glebas repassadas ao Estado de Roraima pela União continuam encontrando entraves que impossibilitam o registro dos títulos definitivos entregues pelo Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima), no Cartório de Imóveis. O problema é que, sem o registro do documento, os agricultores não têm acesso a créditos para investir e desenvolver a propriedade rural.

Com 165 hectares de terra na vila Tamandaré, município de Mucajaí, gleba Caracaraí, o produtor Douglas Maia investe em piscicultura em sua propriedade. O projeto de ampliação do negócio já está pronto, com licenciamento ambiental da área, e a unidade bancária sinalizou positivamente quanto ao crédito. Mas, somente com o título sem registro em mãos, o empresário não pode ter acesso ao financiamento.

“Só serei efetivamente dono da propriedade quando eu conseguir registrar em cartório. Assim poderei dar como garantia a terra para contrair financiamento. Mas hoje, estou impossibilitado de ter acesso ao crédito para investir na propriedade. O que queremos é desenvolver o Estado e soltar as amarras que existem, mas está difícil”, disse Maia.

O produtor destaca que precisa de uma definição sobre o problema antes do inverno chegar para que tenha condições de fazer a ampliação da criação antes das chuvas. A produção atende o mercado local.

Conforme matéria publicada na Folha recentemente, o oficial de cartório Nerly de Faria Alberna explicou que a entidade está impedida de realizar os registros por falta de memorial descritivo das áreas já repassadas e também porque corre na Justiça Federal uma ação do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) contra o Estado, que impede o cartório de efetivar os registros dos documentos.

O presidente do Iteraima, Pedro Paulino, também destacou que o problema decorre da ação movida pelo Incra desde 2000. Devido ao entrave para o registro dos títulos, existem 500 documentos no órgão prontos, mas que aguardam uma solução antes de serem entregues.

Assim que notificados quanto ao impedimento do registro dos documentos, o Iteraima entrou com ação na Justiça para tornar sem efeito o objeto do processo patrocinado pelo Incra.

“O Incra foi consultado, mas a Procuradoria Geral do órgão no Estado se manifestou pela continuidade da ação. Mas hoje é diferente. Teve uma medida provisória que regulamentou a lei nº 10.304, um decreto e uma lei que regulamentou a medida provisória. Além disso, tem o instrumento do Incra que é o título que dá toda a competência ao Estado para que faça qualquer tipo de transação dentro da legalidade com as terras”, destacou Pedro Paulino.

Quanto aos procedimentos administrativos e técnicos, o presidente do Iteraima disse estar tudo em dia. “Administrativa e politicamente estamos tentando, através do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que o Incra desista da ação. Quando isso ocorrer, de imediato o título poderá ser registrado”, disse Paulino.

INCRA – A assessoria de imprensa do Incra esclareceu que a ação judicial em questão foi motivada por um ato administrativo do Executivo estadual, que, por deliberação unilateral, conseguiu no início da década transferir e registrar nos cartórios de Boa Vista e de Caracaraí dez glebas pertencentes à União.

O Incra, ao tomar ciência do caso, entrou com mandado de segurança na Justiça Federal para anular aquela transferência do Estado. Em liminar, a Justiça suspendeu o ato administrativo, mantendo as glebas sob domínio da União. Dessa decisão, o Estado entrou com um agravo em 2002, junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Até hoje o recurso não foi julgado.

Com a transferência das terras realizada no mês de janeiro pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, o Incra fez uma petição ao juiz da 2ª Vara Federal, onde corre a ação, solicitando o julgamento do mérito do caso, confirmando a decisão liminar anterior, para que a questão saia da esfera judicial e possa concretizar o ato administrativo do presidente Lula, bem como os títulos de doação das cinco glebas já repassadas para o Estado, uma vez que as terras já são de Roraima.

Outra alternativa para solucionar a questão, segundo a assessoria, seria o Estado renunciar ao agravo junto ao TRF.

Incra repassou cinco glebas ao Estado

Até agora, o Incra repassou para Roraima cinco glebas: Cauamé, Caracaraí, Barauana, BR-210-II e Murupu, totalizando área superior a 3,5 milhões de hectares, mais da metade do compromisso firmado pelo presidente Lula, de transferir seis milhões de hectares.

Ainda restam as glebas Quitauaú, localizada nos municípios de Bonfim e Cantá, com área de 314 mil hectares; Tacutu, também no Cantá e Bonfim, com área de 657 mil hectares; além da gleba Normandia, no perímetro que está fora da terra indígena Raposa Serra do Sol, com área de 21 mil hectares. As glebas restantes serão demarcadas e georreferenciadas antes de passar para o domínio do Estado.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 10 de janeiro de 2010.)

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Constitucional

O CNJ e a Garantia da Constituição
Gursen De Miranda*

No Brasil, seguindo as lições de Paulo Bonavides (in Curso de Direito Constitucional, São Paulo, 2006, p. 296 ss.), existe duas formas do controle de constitucionalidade: o controle por via de exceção (difuso) e o controle por via da ação (abstrato). É o chamado sistema misto ou híbrido. Nesse sentido, o controle abstrato de constitucionalidade é exercido, exclusivamente, pelo Supremo Tribunal Federal (CF/88: art. 103). Por outro lado, “o controle por via de exceção é de sua natureza o mais apto a prover a defesa do cidadão contra os atos normativos de Poder, porquanto em toda demanda que suscite controvérsia constitucional sobre lesão de direitos individuais estará sempre aberta uma via recursal à parte ofendida”. (in op.cit., p. 325)

Não há dúvida, assim, que um Tribunal de Justiça de Estado, possui competência para apreciar a validade de seus atos administrativos (v. Súmula 473, do STF). Aliás, em compreensão mais extrema, existe a possibilidade de o Administrador Público deixar de aplicar normas jurídicas que considere inconstitucional é inequívoca e já reconhecida pelo STF.

No sentido expresso pelo Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça inclusive decidiu reiteradas vezes, compreendendo que o Administrador Público está autorizado pelo sistema constitucional vigente, embora assumindo os ônus de seu ato, a negar aplicação a preceito legal e/ou ato administrativo que considere contrário ao Texto Constitucional.

Ora, se a Constituição ocupa o ápice do ordenamento jurídico, vinculando direta e objetivamente a todos os cidadãos, nomeadamente o Administrador Público (art. 37), recusar aplicação a preceito legal e/ou ato administrativo reputado inconstitucional constitui, para além de mera faculdade, verdadeira obrigação jurídica.

Por ocasião do julgamento do PCA 343, no CNJ, ficou evidente “a possibilidade da Administração Pública deixar de cumprir – no âmbito de suas competências – lei ou ato normativo que entenda inconstitucional”.

O Plenário do Supremo Tribunal Federal, sob a vigência da Constituição da República, de 1988, sedimentando seus precedentes, decidiu que “os Poderes Executivo e Legislativo, por sua Chefia, podem tão-só determinar aos seus órgãos subordinados que deixem de aplicar administrativamente as leis ou atos com força de lei que considerem inconstitucionais. (STF – Pleno – ADI 221/DF – medida cautelar – Rel. Min. Moreira Aves, Diário da Justiça, Seção I, 22.out.1993, p. 22.251)”.

Portanto, não se pode e não se deve exigir do Chefe de qualquer dos Poderes, destacadamente do Poder Judiciário, no exercício de suas funções administrativas, o cumprimento de lei ou ato administrativo que compreenda inconstitucional, podendo negar o seu cumprimento, por lícito, sem prejuízo do exame posterior pelo Poder Judiciário, no exercício de sua função jurisdicional.

O ministro Gilmar Mendes, em discussão sobre o exercício do controle de constitucionalidade esclareceu que “a competência para alterar seu tradicional posicionamento, bem como seus precedentes em matéria de jurisdição constitucional é exclusiva do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, não devendo o Conselho Nacional de Justiça antecipar-se”. (MS 25888/DF – medida cautelar – Diário da Justiça, Seção I, 29.mar.2006, p. 11)

Por fim, considerando o exposto, fundado em decisões do Conselho Nacional de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, cumpre aclarar que levar a questão diretamente ao Colendo Conselho Nacional de Justiça é suprimir instância. Ademais, o Conselho Nacional de Justiça não faz controle de constitucionalidade abstrato (por via de ação).

Recente decisão do Colendo Conselho Nacional de Justiça espanca qualquer dúvida sobre o tema:

CONSTITUCIONALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE DE ATO NORMATIVO

Competência do CNJ para o controle difuso de constitucionalidade de atos difusos.

Procedimento de Controle Administrativo. Magistratura. Conselho Nacional de Justiça. Competência para afastamento da aplicação de norma conflitante com a Constituição nos casos concretos. – “Em ambiente de múltiplos legitimados ao controle difuso da conformação constitucional dos atos normativos, há espaço de harmônico convívio entre o controle incidental de constitucionalidade e o controle direto, de competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal” (CNJ – PP 200810000022372 – Rel. Cons. Antonio Umberto de Souza Junior – 86ª Sessão – j. 09.06.2009 – DJU 17.06.2009)

Portanto, a garantia da Constituição no Brasil, de forma concentrada, somente pode ser exercida pelo Excelso Supremo Tribunal Federal.

* Jurista

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 08 de janeiro de 2010).

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Fundiário - Indígena

Reintegração de posse preocupa ocupantes de terra da União

Edvan Silva (de boné) procurou a Folha para manifestar preocupação do grupo, que ocupa área em projeto de assentamento do Incra
Um grupo de seis moradores do Projeto de Assentamento Nova Amazônia, que fica no município de Boa Vista, está preocupado com a decisão tomada pela Justiça Federal em Brasília sobre a desocupação da área que está ocupada de forma ilegal, segundo o Instituto Nacional de Reforma Agrária e Colonização (Incra). O grupo afirma que as famílias que se encontram na área são originárias da terra ndígena Raposa Serra do Sol (TIRSS) e que foram para o local após a desintrusão dos não-índios. O Incra contesta essa versão e afirma que os ocupantes não constam na lista dos desinstrusados e que entraram na área sem a autorização do instituto.

A liminar que garante a reintegração da posse da área ao Incra e a consequente retirada dos “invasores”, como o Incra denomina na ação as pessoas que ocupam o local ilegalmente, foi expedida pela desembargadora federal Selene Maria de Almeida e encaminhada via fax à Justiça Federal de Roraima no dia 17 de dezembro de 2009.

O documento afirma que todos os ocupantes ilegais devem deixar a área. Com a retirada total dos não-indios da Raposa Serra do Sol, o Incra destinou uma área de sete mil hectares para atender as famílias desintrusadas. Foram utilizados 3.800 hectares para alojar as famílias e os outros 3.200 hectares restantes estavam sendo ocupados por famílias de indígenas oriundos da comunidade Serra da Moça.

A Associação dos Trabalhadores Rurais do Truaru, que representa os assentados pelo Incra e os ocupantes ilegais da terra da União, ingressou no ano passado com uma Ação de Reintegração de Posse com pedido de liminar contra o Incra. A Justiça Federal determinou apenas que os índios desocupassem a área em questão, no mês de agosto do ano passado.

Após a saída dos índios da região, os 3.200 hectares foram ocupados de forma ilegal por pessoas que se dizem desintrusadas de acordo com informações repassadas pelo Incra, mas que não constam nas listas apresentadas pela Funai (Fundação Nacional do Índio). O grupo é comandado por Edvan da Silva, que é presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais do Truaru.

De acordo com informações repassadas pela assessoria do Incra, Edvan da Silva é a única pessoa desintrusada, sendo que o mesmo já foi atendido com um lote na região. A nota do Incra informa ainda que as demais pessoas não foram retiradas da Raposa Serra do Sol e que não constam no banco de dados do Incra para aquisição de terra.

O grupo liderado por Edvan da Silva questiona a atuação do Incra em defender os indígenas. De acordo com ele, o Incra faz questão que os desintrusados da Raposa Serra do Sol que ocupam o local ilegalmente saiam para a volta dos índios. Na região já houve conflitos entre os índios e assentados e com os ocupantes ilegais.

Segundo o Instituto Nacional de Reforma Agrária, o órgão estuda a criação de um PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) na área dos 3.200 hectares para atender as famílias de indígenas que viviam no local. O Incra garantiu que projeto não atinge as demais áreas dos assentados.

A Folha entrou em contato com a advogada Denise Cavalcante, que representa o grupo que reivindica para si a posse da terra. A advogada informou que não sabe a data da execução por causa do recesso de final de ano, porém informou que hoje o escritório de advocacia entrará com um pedido de reconsideração da decisão liminar expedida pela desembargadora Selene Almeida.

A Justiça Federal de Roraima, através da assessoria de comunicação, não soube informar a data da execução da liminar, salientando apenas que hoje termina o recesso de final de ano. (D.N.)

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 7 de janeiro de 2009.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Indígena - Agrário

Projeto visa inserção dos povos indígenas no setor produtivo

O projeto Konon - Chuva na Roça, em português - pretende inserir as comunidades indígenas de Roraima no setor produtivo local. A iniciativa é desenvolvida pela Secretaria de Estado do Índio e consiste na distribuição de kits de irrigação (motobomba, canos e bicos para jogar a água) e prestação de assistência técnica às comunidades selecionadas dentre todos os municípios do Estado com população indígena.

O projeto começou em meados de 2009 e foi motivado por causa da estiagem pela qual passa Roraima. Os locais a receberem os kits ainda não tiveram os estudos concluídos. Porém, a perspectiva é que 60 comunidades sejam beneficiadas com os cerca de 50 kits. Desta forma, aproximadamente 1.500 famílias estariam envolvidas indiretamente com o Chuva na Roça.

Segundo o secretário adjunto do Índio, Wilson Jordão, os equipamentos começaram a ser implantados em 15 de dezembro nas comunidades e até o final de fevereiro serão concluídos os trabalhos de implantação. “Com este projeto, vamos trabalhar o período chuvoso e não chuvoso nestas regiões, para que as comunidades possam produzir durante o ano inteiro. Pretendemos trabalhar com o cultivo de milho, feijão e mandioca, mas vamos respeitar a aptidão da comunidade e os estudos técnicos de viabilidade de plantio. O objetivo da Secretaria do Índio é a inserção dos povos indígenas no setor produtivo”, afirmou Jordão.

A princípio, não é pretendida a comercialização da produção. O objetivo inicial é apenas suprir as necessidades das comunidades, cujas plantações foram afetadas pela falta de chuvas nos últimos meses. O secretário também acrescenta a precisão das comunidades ganharem independência neste processo em longo prazo.

“Vamos atuar em todos os municípios onde há terras indígenas. A gente pretende capacitar o indígena e repassar conhecimento sobre o plantio para que aos poucos possamos sair deste processo e deixá-los tocarem sozinhos”, acrescentou.

A pretensão da Secretaria do Índio é que mais comunidades sejam atendidas com a iniciativa posteriormente. “Vamos fazer com que as circunvizinhanças vejam os trabalhos realizados nas comunidades, como uma espécie de unidade demonstrativa. É possível ampliar o projeto Konon mais para frente”, afirmou.

MAKUNAIMA – Além do projeto Konon, há também o programa Makunaima, cuja finalidade é levantar as demandas na área da saúde e educação, dentre outras necessidades, das comunidades indígenas. A iniciativa começou no ano passado e terá os trabalhos continuados durante 2010.

Jordão destacou que um dos objetivos é fazer com que os índios não migrem para a capital em busca de assistências e outras necessidades básicas. “Vamos levar cidadania aos povos indígenas. Será um conjunto de ações dos governos estadual e federal, porque iremos buscar parcerias com a Funai [Fundação Nacional do Índio] e Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária]”, afirmou.

Nesta ação, todos os municípios onde há comunidades indígenas serão atendidos. “Vamos tomar conhecimento das necessidades deles. Ao invés deles virem a Boa Vista, nós iremos até lá. Levantaremos necessidades na área de saúde, escolas, professores, dentre outras. O governo vai estar mais próximo deles”, frisou.

A perspectiva é que os cerca de 40 mil indígenas divididos em oito etnias em Roraima sejam beneficiados direta e indiretamente com a iniciativa.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 04 de janeiro de 2009).

Ambiental - Unidade de Conservação

Estado é contrário a criação de reserva extrativista


Willame Sousa

Governo do Estado já encaminhou resposta ao governo federal demonstrando contrariedade em relação à criação Reserva Extrativista Baixo Rio Branco/Jauaperi, no Município de Caracaraí

O titular da Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan), Haroldo Amoras, afirmou que o Governo do Estado já encaminhou resposta ao governo federal demonstrando contrariedade em relação à criação Reserva Extrativista Baixo Rio Branco/Jauaperi, no Município de Caracaraí, ao sul do Estado.

“Há um desejo, que inclusive está colocado no decreto, [que repassa as terras ao Estado] de se criar a reserva. Mas encaminhamos resposta do Governo do Estado dizendo que já existe naquela região uma área de proteção ambiental que, portanto, no nosso entendimento, já é um instrumento de proteção e preservação ambiental naquela região”, disse ele.

No entanto, esta reserva e o Parque Nacional do Lavrado, que já gerou muita polêmica, não seriam as únicas unidades de conservação previstas para serem criadas em Roraima. Na alínea “d”, do inciso I, do parágrafo 1º, do artigo 1º, do decreto Nº 6754, de 28 de janeiro de 2009, que repassa as terras da União ao Estado, Floresta Nacional de Jauaperi, nos municípios de São Luiz e Caroebe, ampliação do Parque Nacional do Viruá, em Caracaraí, e ampliação da Estação Ecológica de Maracá, em Alto Alegre e Amajari, aparecem como unidades de conservação em processo de instituição.

De acordo com Amoras, o Estado só foi informado sobre a movimentação para criação do Parque Nacional do Lavrado e da Reserva no Baixo Rio Branco. “No que diz respeito às outras, não recebemos ainda concretamente nenhum encaminhamento do governo federal quanto ao tamanho e pretensão. Portanto, a gente ainda não tem elementos para dizer qual é o impacto. Sabemos desta pretensão e já estivemos analisando, mas não temos nada formalizado pelo governo federal”, disse.

Amoras também acrescentou que a criação de unidades de conservação passa por um processo de fases, no qual audiências públicas e consulta ao Governo do Estado e município afetado são previstas em lei. “Há um claro interesse do Governo do Estado em defender os interesses de nossa sociedade, que demonstrou que vai se mobilizar contra a criação de unidades, como já ocorreu com o Parque Nacional do Lavrado.

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - Roraima tem hoje três parques nacionais, três estações ecológicas e duas florestas nacionais, totalizando oito unidades de conservação. São elas: Parque Nacional do Monte Roraima, no Uiramutã; Parque Nacional do Viruá, Parque Nacional Serra da Mocidade, Estação Ecológica de Cacararaí e Estação Ecológica do Niquiá, em Caracaraí; Estação Ecológica de Maracá, no Amajari; Floresta Nacional de Roraima, em Mucajaí e Alto Alegre; e Floresta Nacional do Anauá, em Rorainópolis.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 04 de janeiro de 2010).

Ambiental - Clima

A Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC foi sancionada ontem (29), na edição extra do Diário Oficial da União nº 248-A, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula fez três vetos ao texto original aprovado no Congresso Nacional. O primeiro deles foi solicitado pela Advocacia Geral da União, e trata da proibição de contingenciamento de recursos para o combate às mudanças climáticas. Também foi acatada pelo presidente Lula a sugestão do Ministério de Minas e Energia de vetar o artigo que prevê o paulatino abandono do uso de fontes energéticas que utilizem combustíveis fósseis. O último ponto vetado abrange itens do artigo 10 da lei, em especial o que limita os estímulos governamentais às usinas hidrelétricas de pequeno porte.

(Fonte: MMA, de 30/12/2009).

Ambiental - Rio+20

O Brasil vai sediar em 2012 a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, já batizada de Rio+20, em referência a Eco-92, realizada no Rio de Janeiro, cidade que deve receber novamente o evento.

A conferência foi aprovada em dezembro pela Assembléia Geral das Nações Unidas. O encontro havia sido proposto em 2007 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia é avaliar e renovar os compromissos com o desenvolvimento sustentável assumidos pelos líderes mundiais na Eco-92. A Rio+20 tembém discutirá a contribuição da economia verde para o desenvolvimento sustentável e a eliminação da pobreza.

Outro tema na pauta da conferência será o debate sobre a estrutura de governança internacional na área do desenvolvimento sustentável. O modelo de consenso, que só permite decisões com a aprovação de todos os países, foi colocado em xeque na 15ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague, que terminou sem acordo por divergências entre os países ricos e em desenvolvimento sobre as ações necessárias para enfrentar o aquecimento global.

(Fonte: Agência Brasil)